Eventos na área da saúde lideram segmento de nicho específico

O segmento de eventos corporativos voltados para a área da saúde movimenta, anualmente, um público de mais de 20 mil pessoas estrangeiras, segundo dados divulgados pelo Instituto Brasileiro do Turismo (Embratur). No último ano, de acordo com o São Paulo Convention & Visitors Bureau (SPCVB), o segmento foi listado como o principal setor de turismo de negócios de São Paulo, com 937 eventos médicos, o que corresponde a 35% do total de eventos da região.

Além disso, a realização desse tipo de evento ajuda a movimentar a economia, aumenta o fluxo nos aeroportos, venda de passagens aéreas, turismo de negócios, gera emprego, incentiva a troca de experiências entre profissionais brasileiros e estrangeiros e coloca o Brasil na rota dos principais eventos internacionais – no relatório divulgado pelo ICCA, sigla para Associação Internacional de Congressos e Eventos, em 2017, o País ocupava a 15ª posição no ranking dos principais destinos para eventos internacionais, atrás de potências como Estados Unidos, Alemanha, França, Reino Unido e Japão.

Na área da saúde, a grande oportunidade se dá pelo fato de que são centenas de especializações diferentes e os profissionais estão sempre em busca de atualização. O intercâmbio de conhecimento também é muito forte: pesquisadores brasileiros fazem com frequência estudos no exterior e, por outro lado, grandes multinacionais, por questões de custos e legislação, têm olhado com mais interesse para o Brasil.

No ano de 2017 o Expo D. Pedro foi sede de 12 eventos na área da saúde, 4 deles de nível internacional. O público estimado foi de 13.960 pessoas, entre profissionais das áreas de medicina, odontologia, osteopatia, nutrição e fisioterapia, um público altamente qualificado e exigente.

Atração do público

Informação e interação são os principais pontos que esses profissionais buscam ao participar de um evento corporativo e a cada edição é necessário que as empresas idealizadoras desses eventos se reinventem. Para Roberto Antonio Gobbo, presidente da Uniodonto, a estratégia encontrada para atrair o público é mesclar palestras e cursos técnicos com atividades diversificadas, para que se torne um evento social e ao mesmo tempo científico. “Procuramos sempre trazer uma grade extracurricular, com palestrantes de nome para tirar um pouco o foco somente da odontologia. Já levamos para os nossos eventos cozinheiros para fazer um prato e a Glorinha Kalil para falar de moda” acrescenta.

Para a Sociedade Brasileira de Pesquisa Odontológica, no ano de 2017, a estratégia foi diferente. Pela primeira vez o encontro anual da SBPqO aconteceu em parceria com o Dental Cremer Experience, com o objetivo principal de atrair, além do pesquisador, o cirurgião dentista e o resultado foi além das expectativas. “Foram mais de 5.000 pessoas circulando entre a feira da Cremer e o evento científico da SBPqO. Pelo grande sucesso, estamos desenvolvendo para o próximo ano um sistema de métrica para saber exatamente quantas horas e minutos cada pessoa ficou dentro do evento, se ficou na feira ou na parte científica” afirma Carlos Eduardo Francci, presidente da instituição.

Já para a Escola de Osteopatia de Madrid o foco central é levar experiência emocional ao público. “Temos uma proposta bem diferenciada de congresso, assessoramos os palestrantes sobre como montar e fazer uma apresentação que fique dentro do conceito e experiência que desejamos proporcionar ao público” afirma Rogério Queiroz, diretor da EOM no Brasil.

Bons frutos

No fluxo contrário à crise, que tem impactado fortemente o mercado de turismo e eventos, congressos, simpósios e encontros da área da saúde têm se mostrado grandes aliados de instituições de diferentes portes. “Durante o congresso, a nossa loja de materiais, Dental Uniodonto, vendeu em três dias de evento o que ela vende em um mês na loja física. É uma movimentação muito grande” afirma o presidente da Uniodonto.
Para a EOM, por exemplo, o Congresso é utilizado como estratégia para alcançar novos alunos para os cursos de especialização em osteopatia. “Obviamente quando se faz um evento desse porte tem uma repercussão na mídia, entre os fisioterapeutas. Então isso é um atrativo para que as pessoas venham fazer osteopatia” afirma o diretor da escola.

O desafio de captar patrocínio também não foi tão grande. Para Gobbo o segredo é mostrar a cara da empresa, mesmo em momentos difíceis. “Não é a hora de se retrair, muito pelo contrário, se a gente se retrair ficamos na área comum uns com os outros. Quando a gente aplica alguma coisa numa época como essa, todo mundo lembra do seu nome um dia” completa.

A parceria entre a Cremer e SBPqO foi bastante frutífera também nesse aspecto. “Temos patrocinadores que estão há anos conosco, a Oral B, Colgate, Johnson & Johnson, Neodente e FGI, por exemplo. Agora com o apoio da Cremer temos um número muito maior de empresas que antes não participavam do nosso evento” declara Francci.
Controle de qualidade

Normalmente o profissional da classe médica e outras áreas da saúde é um público que demanda um nível qualitativo alto para esse tipo de encontro, por isso as empresas precisam tomar um cuidado especial na hora da organização e planejamento.

Dos 12 eventos do segmento ocorridos no Expo D. Pedro em 2017, 10 deles são de organização própria e não houve a contratação de agências ou terceiros na fase de planejamento. De acordo com as empresas ou instituições, ter mais autonomia interna é a melhor opção, já que o evento vira parte da rotina da equipe. “Contratamos empresas que fazem parte da gestão, mas cada vez mais estamos nos aprimorando para o nosso evento, estamos desenvolvendo mecanismos próprios e recursos próprios para esse tipo de gerenciamento” declara Carlos Francci, presidente da SBPqO, que está desenvolvendo, para as próximas edições, um aplicativo próprio para a comissão de avaliação dos trabalhos que participam do encontro.


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